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Martyrs ( 2008 )

Posted: Novembro 24, 2010 in Anos 2000, Cinema Francês, Torture Porn




Bem… Geralmente, quando não sei por onde começar na minha “Critica” a um filme é mau sinal, é sinal que o filme tem graves deficiências ou algo parecido que me impedem de explicar bem. Mas neste caso, a minha vaga ideia por onde começar é um bom sinal… muito bom sinal.

Talvez um dos filmes mais esperados em 2008, ano que pra o cinema de terror, foi mundialmente uma porcaria, Martyrs chegou viu e… Dividiu multidões dentro da nossa comunidade. É certo que todos, ou quase todos os filmes franceses de terror fazem isso, Martyrs consegue fazer com que o mais belo aficionado fique literalmente sem saber o que pensar ao acabar o filme.

A história baseia-se numa jovem que após mal tratos e exclusão social provocada por “desconhecidos”, decide vingar-se, isto depois de escapar e tornar-se na dita adolescente. Contudo, essa vingança, não é feita como realmente devia ter sido feita e coisas más, muitoooo más acontecem no desenrolar da mesma.

Pra mim o filme divide-se em três partes, e três “estilos” de história, algo que normalmente poderia ser a morte do artista ou neste caso, do filme, contudo, não é bem o caso. A primeira parte, que consta do inicio até ao começo da vingança, está quase perfeita, em termos de imagem e de história, penso que o único senão, no meu ver, tenha sido o pouco desenvolvimento das duas personagens principais, sua interligação, sua união exemplar. Outro aspecto que talvez, era desnecessário ou foi pouco aprofundado foi a procura pela “verdade” das identidades policiais. Contudo essa introdução torna-se forte e intimísta e da um ar de “paranormal” ao filme o que eu aprecio muito.

A segunda é desde do inicio da casa ate ao telefonema, aonde o filme se desenrola um bocado estilo À L’interieur (Critica mais abaixo no site), com um estilo de Torture Porn muito particular do próprio estilo francês, sangue é obrigatório e a dor psíquica e visual é inserida muito bem no espectador.

A terceira parte… bem… a terceira parte… é esta que lixa uma pessoa. A terceira parte explica definitivamente o porquê das torturas inicialmente referidas no filme… Contudo são explicadas num conteúdo muito surreal, que sinceramente por muito que quisesse explicar não dava, só mesmo vendo. Não estou a dizer que esse “motivo” seja mal, pelo contrário (nada melhor que um pouco de surrealismo) mas é um choque que pode tornar positivo ou negativo pra o mero adepto de terror. Talvez um grande senão, foi uma monotonia um pouco exagerada e pouco trabalhada (poderia ter sido mais interessante) na parte das torturas. Além disso, o filme peca no meu ver de uma ligação sentimental entre o espectador e as personagens, senti-me um bocado desinteressado se morressem ou não até mesmo a que sofreu no começo essas torturas, e no fim, e dai estar confuso por onde começar, não sentimos de forma alguma que os supostos “maus da fita” eram realmente “maus da fita” como aparentavam. É de notar uma excelente cena quase no fim, da “velha” (não quero adiantar muito) que numa conversa com um empregado, comete um acto deveras forte em cinema.

Talvez poderão perguntar o porque de 3 Membros e meio, enquanto que o À L’interieur teve 4… Além de minha opinião pessoal, este ultimo conseguiu aprofundar mais as personagens, e teve uma estrutura de filme muito mais bem conseguida… Não me fez querer ver quanto tempo faltava como no Martyrs após o fim da “segunda parte”.

NOTAS POSITIVAS:
  • Imagens intensas, cheias de conteúdo
  • Fim que por muito seja esquisito, está cheio de conteúdo e de razão por trás
  • Abordagem correcta ao Torture Porn… As vezes nem se precisa amostrar pra incomodar…
NOTAS NEGATIVAS:
  • Pouca ligação afectiva entre espectador + personagens
  • Estrutura de história com falhas ou construção estranha
  • Não é um filme pra todos (Nem todos aceitarão…)


3.5 Membros de 5
Ora vamos começar a falar do pais que, no meu ver, hoje em dia, a par da Espanha, faz o melhor cinema de terror do mundo… França.
O filme é À l’intérieur, conhecido nos Estados Unidos por Inside, e é um dos filmes mais visualmente chocantes que já vi nestes 23 anos de terror.
A história desenrola-se só e somente na casa de uma das protagonistas, a qual está grávida, provavelmente de 8 quase 9 meses, mesmo após um grave acidente de carro. Em época natalícia, Sarah encontra-se sozinha em casa, o pai da criança encontra-se desaparecido em combate, por opção sua. Com uma personalidade difícil e arrogante, Sarah recebe forçadamente uma mulher em casa, que faz de tudo, mas mesmo de tudo para tirar (literalmente) o bebé de dentro de Sarah. Quando digo tudo, digo mesmo do mais insano que possamos pensar, em cenas completamente insanas e doentes! Uma casa que no começo aparente ser limpa, arrumada e normal, no fim deste filme esta completamente desarrumada e completamente vermelha de sangue! 
O ultimo acto do filme, é de uma excelência muito pouco vista normalmente. Como o filme se resume e fecha o mesmo é sinceramente excelente, e ficamos mesmo sem palavras nas ultimas cenas do mesmo. Contudo é recomendável que mulheres a pensar em ter ou que estão gravidas, não verem este filme porque é mesmo gráfica e psicologicamente muito pesado. 
O jogo de luz e de sombras é de se notar, conduz uma pessoa ao desconhecido e ao medo de uma forma perfeita, e tecnicamente sem erros. Contudo, mesmo com desempenhos grandes de Sarah e da Mulher ( que não tem nome ) o filme tem uma cena que eu, e não estou sozinho, não gostei nada e que fez descer um pouco na minha consideração (ainda bem que o fim redimiu)… foi o penúltimo acto. Esse penúltimo acto se desenrola com outras identidades que vieram em auxilio de Sarah e há uma cena lá que… não resultou.
Mesmo assim, tenho orgulho de dizer que este filme, mesmo vendo só em 2009, foi uma surpresa bem agradável pra mim, e ficou logo na minha lista de preferidos de todos tempos e do cinema francês. 
NOTAS POSITIVAS:
  • Jogo de Luz / Sombras excelente
  • Ambiente perturbador (não aconselhável a grávidas) 
  • Fim brutalmente perfeito
NOTAS NEGATIVAS:
  • Penúltimo acto do filme deixa um pouco a desejar
4 Mãos de 5